No Cunene, 416 casos de escabiose, doença conhecida popularmente por sarna, foram registados de Janeiro a Julho deste ano, o que representa 199 casos a mais em relação ao igual período anterior. Por outro lado, as autoridades sanitárias no município de Nharêa, no Bié, registaram, desde o passado mês de Junho, 12 casos de munícipes mordidos por cães raivosos, dos quais três terminaram em óbitos.
A informação sobre a sarna foi avançada pelo chefe do Departamento de Saúde Pública e Controlo de Epidemias do Cunene, Félix Belarmino, referindo que o aumento deveu-se ao consumo de água imprópria e alimentação precária, situação motivada pela seca que assola a província desde Outubro de 2018.
Para inverter o quadro, decorre (dir-se-ia que desde há 44 anos…) uma campanha de sensibilização nas zonas rurais para que a população melhore a higiene pessoal, trate a água para beber (se a tiver) e cuide do local de residência, disse.
A sarna é uma doença parasitária causada pelo ácaro sarcoptes scabiei. É contagiosa, transmitida pelo contacto directo interpessoal ou através do uso de roupas contaminadas.
O Cunene conta com uma rede hospitalar composta por 146 unidades sanitárias, asseguradas por 77 médicos e 946 enfermeiros.
Entretanto, as autoridades sanitárias no município de Nharêa, no Bié, registaram, desde o passado mês de Junho, 12 casos de munícipes mordidos por cães raivosos, dos quais três terminaram em óbitos.
O técnico da Secção Municipal de Veterinária, Adelino Jamba, disse ao Jornal de Angola que a situação está a preocupar as autoridades sanitárias, apelando por isso à população no sentido de aderir à campanha de vacinação anti-rábica.
Segundo Adelino Jamba os casos de mordeduras foram registados nas comunas de Caieie, Dando e no sector da Maria Teresa, na sede municipal. Esclareceu que o sector da Saúde Pública trabalha com o Ministério da Agricultura e com a Administração Municipal com o objectivo de erradicar determinadas doenças. “Estamos a trabalhar na sensibilização da população para que leve os cães aos postos de vacinação”, referiu.
Adelino Jamba afirmou que estão a ser tomadas medidas para se evitar um surto de raiva, mas lamentou a falta de colaboração da população durante a campanha de vacinação de animais domésticos. “A população não colabora com as autoridades sanitárias, evocando argumentos injustificados para levar os animais à vacinação”, salientou.
Mas há mais. Um surto de sarna, que afecta há vários meses a província angolana da Huíla, atingiu em Maio níveis preocupantes, com mais de 100 mil casos e a falta de medicamentos para o combate.
Segundo a chefe do departamento provincial de saúde pública e controlo de endemias da Huíla, Fátima Barros, faltam pomadas e antibióticos nos depósitos hospitalares para acudir os doentes deste surto, que afecta sete dos 14 municípios da província.
A responsável sanitária referiu que os municípios mais atingidos são Gambos, Caluquembe, Caconda, Chibai, Matala, Humpata e Lubango, onde foram registados mais de 100 mil casos.
Um alerta sobre a gravidade da situação já foi enviado ao Ministério da Saúde para a sua intervenção “devido à facilidade de contágio da doença”, disse Fátima Barros.
Face à situação, mais de 20 mil crianças encontravam-se na altura temporariamente fora do sistema de ensino para evitar o alastramento da doença, informou ainda Fátima Barros.
A sarna é transmitida através da deposição de ovos de um parasita na pele humana, que provoca comichão intensa, e em consequência escoriações, atingindo todo o corpo, essencialmente as zonas dos dedos dos pés, mãos, punhos e axilas.
Mas… ainda há mais. Angola, este reino que recentemente recebeu o Fórum Mundial do Turismo e que já garantiu para 2020 o mesmo evento, registou 1.025 óbitos por malária, de Janeiro a Maio de 2019, entre os 1.168.813 casos confirmados e 77 óbitos por sarampo, particularmente, na província da Lunda Sul, segundo o Ministério da Saúde.
A malária é a principal causa de mortes em Angola (o tal reino que, segundo o presidente do Fórum Mundial do Turismo, Bulut Bagc, em termos de turismo é “virgem” e que isso o torna um dos principais países da África Austral para investir), e de internamentos nas unidades hospitalares do país, seguido pelos acidentes de viação.
De acordo com o mapa da “Situação Epidemiológica de Angola”, as autoridades sanitárias estão também “preocupadas com alta taxa de letalidade” da raiva que registou, nesse período, 33 casos e igual número de óbitos. São situações, acrescente-se, normais num país “virgem” e onde vale a pena investir… em termos de turismo, é claro.
A tuberculose, “particularmente a resistente”, é igualmente motivo de preocupação das autoridades com o registo de 2.096 casos, de Janeiro a Maio, e 56 óbitos.
Segundo o mapa, foram confirmados 25 casos de cólera sem registo de óbitos, 42 casos de meningite que vitimaram 19 pessoas bem como 52.996 casos de sarna.
Os dados sobre a “Situação Epidemiológica de Angola” referem ainda que a média trimestral da malária, em 2018, foi de 1.780.125 casos e 974 mortes, da cólera 738 casos e sete mortes, da meningite 192 casos e 15 óbitos, tuberculose 15.993 casos e da raiva 18 casos e igual número de óbitos.
Extinção destas enfermidades? Só com a extinção do MPLA
Por ser uma peça antológica do “jornalismo” oficial (Jornal de Angola) e um espelho do que é, desde 1975, a governação do MPLA, reproduzimos na íntegra e “ipsis verbis” o artigo “Malária em Angola em vias de extinção”, publicado na referida “coisa” no dia 25 de Abril de 2012.
«As autoridades sanitárias angolanas prevêem iniciar, a partir de 2015, o processo de pré-eliminação da malária, a doença tropical que mais óbitos provoca no país.
O coordenador do Programa de Luta contra a Malária explicou ontem à imprensa, em Luanda, que a probabilidade de Angola iniciar o processo de pré-eliminação da doença reside na contínua redução de casos da doença.
Filomeno Fortes, que falava à margem da reunião extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre saúde, frisou que as autoridades angolanas e os seus parceiros estão empenhados em baixar, cada vez mais, o índice de mortalidade por malária no país.
As autoridades sanitárias angolanas prevêem iniciar, a partir de 2015, o processo de pré-eliminação da malária, a doença tropical que mais óbitos provoca no país.
O coordenador do Programa de Luta contra a Malária explicou ontem à imprensa, em Luanda, que a probabilidade de Angola iniciar o processo de pré-eliminação da doença reside na contínua redução de casos da doença.
Filomeno Fortes, que falava à margem da reunião extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre saúde, frisou que as autoridades angolanas e os seus parceiros estão empenhados em baixar, cada vez mais, o índice de mortalidade por malária no país.
“A manter-se este nível de redução, a partir de 2015 podemos pensar na possibilidade da pré-eliminação da doença no país”, sublinhou Filomeno Fortes.
O médico disse que, há dez anos, o país registava 20 mil óbitos por ano, mas actualmente o número baixou para uma média de seis mil, devido ao esforço desenvolvido pelo Executivo no sector da saúde, que estabelece a redução de casos de paludismo entre as populações.
Filomeno Fortes disse acreditar que, em 2013, vai haver uma diminuição da mortalidade por malária, cuja cifra deve fixar-se em cerca de quatro mil óbitos por ano.
O médico revelou haver falsos diagnósticos de malária devido à existência de certos vírus que provocam sintomas semelhantes aos causados pelo paludismo.
“Realizámos estudos que comprovam a existência de alguns vírus que provocam quadros clínicos parecidos com os da malária, como febres, dores de cabeça e articulares”, acentuou Filomeno Fortes. Sobre este assunto, salientou que, por não haver capacidade para a realização de um diagnóstico diferencial, certos técnicos de saúde continuam a diagnosticar falsamente esses casos como malária.
O presidente da reunião de peritos da SADC, Augusto Rosa Neto, disse que foi aprovada a assinatura de um memorando de entendimento para a criação de laboratórios supranacionais de referência, em centros regionais de excelência. “Neste momento, existem laboratórios na África do Sul, Zimbabwe e Botswana, que vão atender os casos de malária, tuberculose e VIH/Sida dos países membros da SADC”, informou.
Os laboratórios nacionais vão continuar a funcionar normalmente, mas os que não têm condições para realizar exames podem enviar para os países membros que dispõem de capacidade.
O Lesoto, as Ilhas Maurícias e as Seychelles são os três países da SADC que já não registam casos de malária, enquanto Moçambique é aquele que regista o maior índice de casos. A directora nacional adjunta de Saúde Pública de Moçambique, Rosa Marlene, apontou como causas principais a situação epidemiológica e as questões ecológicas resultantes do clima. “Moçambique é uma região que tem grandes rios e muita água na costa. Por essa razão, já tivemos dez milhões de pessoas infectadas com malária. Neste momento, estamos com três milhões de casos”, sublinhou a responsável moçambicana.
A doença é uma das principais causas de morte em Moçambique, razão pela qual tem sido prioridade do governo coordenar os métodos de prevenção e de cura.
“Este encontro tem vantagens porque, para conseguirmos eliminar a malária, as acções têm de ser concertadas e, com a troca de experiências e informação, podemos chegar a melhores soluções”, acrescentou Rosa Marlene.
Por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a Malária, a Esso Exploration Angola (Bloco 15) anunciou ontem, em nome da Fundação ExxonMobil, uma doação adicional de mais de 1,8 milhões de dólares para projectos comunitários de combate à malária no país.
De acordo com um comunicado da petrolífera, que investiu mais de 25 milhões de dólares em projectos de combate à malária em Angola, esta doação adicional permitirá implementar seis programas comunitários nas províncias de Luanda, Benguela, Cunene, Huambo, Huíla, Kuando-Kubango, Kwanza-Sul, Kwanza-Norte, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malange, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire.»